Vindo sabe-se lá de onde, tem dias que a gente sente uma
espécie de empurrão para sair de uma zona que de tão confortável quase parecia
eterna. Transições e significados se mexem dentro da gente. Gostando ou não - não
dá pra esquecer que viver é mudar - alguns interesses são outros agora, mesmo
que muitos ainda estejam funcionando no piloto automático, teimando com a consciência
para ignorar as novas motivações que pedem passagem. Elas exigem as acomodações
a que têm direito, e sem escrúpulos, instalam a luta: entre o que parece estar velho,
que supostamente não serve mais, rotulado de atraso de vida, e o interesse recém
criado, novo,estranho, ainda frágil, talvez passageiro, um pouco meio “fora de
lugar” (que lugar seria esse?), sem certezas confirmadas pelo hábito, o pão
nosso de cada dia. A harmonia não nasceu pronta, sinto muito, mas a vida quer
ajudar, e agorinha, neste exato momento, está enviando aliados só pra gente se
surpreender. Presta atenção! O novo quer entrar mas dá de cara com os “não
consigo” poluidores de possibilidades, empurrando as torturas, as exigências, as
reclamações, os ressentimentos. Ainda bem que é especialista em inaugurações, e
em apontar o que não permanecerá. Simples assim. Sem ímpetos e conclusões
precipitadas, o que vai, vai. Mas o que fica, fica. Mesmo que detalhes, sins e
nãos perambulem pra lá e pra cá, engarrafando a circulação das emoções pelos ciclos
da vida, o recomeço finalmente anuncia sua chegada. Pode empurrar, e lá vamos
nós!
Rutty
Steinberg