sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Pensando com meus botões...

Há dias em que fatos e pessoas de nosso passado aparecem para uma breve visita. Com um leve toque no ombro, vestidos de lembranças que andavam esquecidas, mas nem por isso menos importantes, reajustam nossas interpretações antigas. Nossa! Eu nem desconfiava que isso ou aquilo poderia estar acontecendo! É o que nós pensamos ao nos atualizarmos com as informações que chegam com o próprio tempo. Nem poderia desconfiar mesmo. A vida parece um quebra-cabeças que a gente vai encaixando aos poucos à medida que amadurecemos. São encontros, desencontros, pequenas passagens, que de maneira precipitada vamos julgando, colocando no palco conforme nosso entendimento, este tão limitado ainda. É isso e pronto!, dizemos com a mais absoluta confiança. Fulana é antipática, o vizinho está sempre de cara fechada, não sei quem é grosso. Pouco nos importam seus motivos, deixamos que as aparências nos iludam, talvez por preguiça de nos determos por alguns momentos para avaliações mais profundas. É bem mais cômodo fazer assim.

Mas, quantas vezes por trás daquilo que enxergamos nos outros existem motivos que nem sonhamos, e talvez no seu lugar tivéssemos reações muito piores...só que imaginar a dor de nosso semelhante seria mexer com nossas emoções, que deram um trabalho danado para atingirem um certo equilíbrio. Equilíbrio questionável, é verdade, mas ainda assim nos sustenta. Deixar pra lá tornou-se especialidade da gente moderna, que vive correndo de si mesma. Preenchemos o tempo com qualquer coisa que afaste a solidão assustadora. E no entanto, é ela que na medida certa traz consigo momentos de alta criatividade. E mais, clareia nossas possibilidades de escolhas nessa vida. Quando aprendemos sobre a própria companhia, não nos conformamos com qualquer coisa, não é verdade?

Só não dá pra esquecer que um dia a consciência ganha seu espaço, nem que seja no último instante de vida, e aponta as nossas verdades. Doendo ou não pelas oportunidades perdidas, percebemos que nem nos demos ao trabalho de olhar melhor para eventos que poderiam ter mudado rumos, acrescentado sabedoria, enriquecido contatos, favorecido verdadeiras amizades, e muito mais. Triste, mas é assim que quase sempre entendemos que tudo tem o seu ritmo, sua hora certa, e se passou, fazer o que? Fica apenas a lição de que nem sempre temos razão, e na maioria das vezes nossas interpretações superficiais não passam de enganos. Aprendemos que a paciência é um maravilhoso dom a se desenvolver; que observar em silêncio pode abrir portas àquilo que nem sonhávamos e que a humildade contém uma força imensa ao admitirmos que não sabemos o que se passa nem nos bastidores da nossa consciência, quanto mais nos da alheia.

Sendo assim, só podemos admitir os julgamentos equivocados que povoaram nossas memórias e dizer de cabeça baixa: Foi mal..., me desculpe!

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