domingo, 8 de setembro de 2019

Mudar

Não  poderia deixar de registrar aqui a mudança de país feita há poucos dias, sozinha, para encontrar filho e família. Esvaziar um apartamento, dando, vendendo, levando comigo coisas que estavam ali, simplesmente, obedecendo à rotina que já não se questionava mais, não foi brincadeira. E eis que o movimento se fez como um rápido furacão, mas de boa índole, se é que se pode falar assim.  As pessoas certas para cada objeto apareceram; amigos que divulgaram o "bazar" improvisado surgiram na hora certa, e tudo fluiu. Com a limitação da bagagem, a velha roupagem foi lançada para outras bandas, para outros proprietários. A nova pele precisaria nascer, e a decisão de mudança já estava ancorada, no corpo, na alma.
Fase por fase do projeto (incluindo a reta final, quando uma cama e objetos pessoais, com a colaboração da vizinha para a água gelada, o café e algo mais que eu precisasse), a casa esvaziou. Foi o tempo necessário para meu equilíbrio emocional se manifestar. Ainda havia a viagem propriamente dita.
Escrever sobre isso me faz lembrar de uma discussão num grupo de estudos psicanalíticos, há tempos atrás, onde se falava em "superego de exceção", quando agimos com uma nova liberdade, distante das restrições do dia a dia que criamos ao longo de nosso desenvolvimento. Pois é essa a definição mais próxima de como foi ter entrado nos aviões, conversado com gente desconhecida por horas, e ter chegado ao meu destino como se tivesse chamado um táxi para ir a outro bairro.
A mim encanta analisar emoções e jeitos de pensar, refletir sobre experiências. Para mim, significa aprender sobre nós mesmos, daquilo do que somos capazes quando nos permitimos expressar nossa força interior. Pois é, mudar é assim...quando nos damos conta, já mudamos.

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