Era um homem aparentemente comum. Ninguém suspeitaria de
seus enormes poderes se ele não quisesse, porque sabia se fazer invisível. Havia
nascido não mais evoluído espiritualmente do que a maioria da humanidade do
planeta Terra, mas com seu equipamento psíquico bem desenvolvido. De idade
madura, adquirira cultura invejável e uma consciência que ultrapassava, e
muito, os conceitos lineares que dirigem os seres nessa vida. Andava só apenas
se desejasse, porque para ele bastava apontar e realizar seus anseios.
Um de seus poderes era o magnetismo. Com intenções claras
apenas para si próprio, sabia como atrair e hipnotizar qualquer um, incluindo
animais, transmitindo seus desejos, para o bem ou para o mal. Era mestre em modificar a aparência a seu bel prazer, conforme
a situação exigisse. Também enxergava longe, e sua visão alcançava de forma ampla o momento
presente, o passado e o futuro de qualquer um. Suas mãos eram mágicas, e ao
tocar pessoas, curava desarmonias no corpo físico, e em outros corpos sutis,
que quase ninguém percebe. Além disso, lia pensamentos, transitava pelos mundos
paralelos colhendo informações de seu interesse, conversava com espíritos, e se
intrometia nos sonhos de quem escolhesse para injetar símbolos, também para o
bem ou para o mal.
Porém, seu coração se endureceu ao longo de tantas aventuras
poderosas. Não soube administrar o dom mais importante que ele e todos nós temos:
a capacidade de amar. Era orgulhoso e prepotente, lá no fundo achando-se melhor
e mais importante do que o restante dos seres mortais; a vaidade o deixava
ansioso por reconhecimento, buscando ter sempre a última palavra em qualquer
situação, ostentando a coroa do rei da verdade, mas com expressão de falsa
modéstia; o tédio o assaltava periodicamente, sentia a falta de um sentido em
sua vida e ataques de mau humor corroíam seu fígado. Sim, vez por outra ele se
entregava a depressões; tinha pânico de
gente sincera, calorosa e afetiva, fugindo de compromissos e confrontos
emocionais; e por último, mas não menos importante, tinha o hábito de culpar os
outros e o destino pela sua solidão. Levaria muito tempo para esse homem compreender
que estamos todos no mesmo barco... saboreando a humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada, deixe seus comentários. Eles são importantes!