domingo, 17 de abril de 2016

Super poderes?

Era um homem aparentemente comum. Ninguém suspeitaria de seus enormes poderes se ele não quisesse, porque sabia se fazer invisível. Havia nascido não mais evoluído espiritualmente do que a maioria da humanidade do planeta Terra, mas com seu equipamento psíquico bem desenvolvido. De idade madura, adquirira cultura invejável e uma consciência que ultrapassava, e muito, os conceitos lineares que dirigem os seres nessa vida. Andava só apenas se desejasse, porque para ele bastava apontar e realizar seus anseios.

Um de seus poderes era o magnetismo. Com intenções claras apenas para si próprio, sabia como atrair e hipnotizar qualquer um, incluindo animais, transmitindo seus desejos, para o bem ou para o mal. Era mestre em  modificar a aparência a seu bel prazer, conforme a situação exigisse. Também enxergava longe, e sua  visão alcançava de forma ampla o momento presente, o passado e o futuro de qualquer um. Suas mãos eram mágicas, e ao tocar pessoas, curava desarmonias no corpo físico, e em outros corpos sutis, que quase ninguém percebe. Além disso, lia pensamentos, transitava pelos mundos paralelos colhendo informações de seu interesse, conversava com espíritos, e se intrometia nos sonhos de quem escolhesse para injetar símbolos, também para o bem ou para o mal.


Porém, seu coração se endureceu ao longo de tantas aventuras poderosas. Não soube administrar o dom mais importante que ele e todos nós temos: a capacidade de amar. Era orgulhoso e prepotente, lá no fundo achando-se melhor e mais importante do que o restante dos seres mortais; a vaidade o deixava ansioso por reconhecimento, buscando ter sempre a última palavra em qualquer situação, ostentando a coroa do rei da verdade, mas com expressão de falsa modéstia; o tédio o assaltava periodicamente, sentia a falta de um sentido em sua vida e ataques de mau humor corroíam seu fígado. Sim, vez por outra ele se entregava a depressões;  tinha pânico de gente sincera, calorosa e afetiva, fugindo de compromissos e confrontos emocionais; e por último, mas não menos importante, tinha o hábito de culpar os outros e o destino pela sua solidão. Levaria muito tempo para esse homem compreender que estamos todos no mesmo barco... saboreando a humanidade.

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