sexta-feira, 19 de junho de 2015

Devaneios

Devaneios,
Alheios ao belo sol da tarde,
Sorrateiros, bêbedos de imaginação,
Transmutam-se em pequenos jogos e grandes idéias,
Que desafiam regras,
Maquinando,
Povoando as solidões,
Gerando sementes no infinito.


Uma espécie de digestão
De pensamentos orgânicos e de emoções sem rumo,
Que caminham perdidos nas avenidas de um ser,
Deixam na boca um gosto de tanto-faz,
Que vai crescendo no seu sabor,
Regado pelos novos sentidos,
Significando,
Deliciando-se em novas hierarquias,
Sentindo o prazer da mudança,
Dançando possibilidades,
Abraçando importâncias,
Namorando urgências,
E novamente se re-organizando,
Encontrando a paz no transitório.

Mandala


Sedução, possibilidades, sensações.
Um vôo de borboletas no estômago,
Asas coladas de medo,
Presas na rejeição,
Na omissão, nas condições,
Rodopiando com as emoções desgastantes,
Já viciadas,
Repletas de vácuo.

Como sempre,
Algumas luzes ainda se acendem,
Em pontos que abrem caminhos antes impensáveis...
Aludindo a expectativas de novos rumos,
Talvez nem tão esperados.

Outro ciclo de retorno à essência,
Desta vez como uma mandala,
Que dolorosa explode a força de sua expansão,
Colorida, harmônica, simétrica,
E se manifesta,
Simplesmente,
Desde um centro glorioso.

Chuva

Num desses momentos em que as crianças ficam sós,
Encontrei-me um dia com a Natureza,
E me perguntando sobre os mistérios que pressentia,
Mergulhei na paz que a chuva desenhava na minha janela.

Descobri então palavras que vinham de dentro,
E, depois, as ouvi serem lidas com emoção:
Alguém me havia entendido mais do que eu mesma.

Permiti,
Numa primeira poesia,
que eu fosse compreendida simplesmente...

Hoje,
A chuva ainda me faz companhia.
Lembra-me, sei lá eu porque,
De sérias brincadeiras,
De sonhos,
De dores,
De amores,
De medos,
E de alegrias.,

Talvez carências...
Talvez crianças...


terça-feira, 16 de junho de 2015

Mensagens

O subconsciente manda mensagens. É o que tenho pensado todas os dias ao despertar pela manhã. Mesmo sem lembrar sobre qualquer conteúdo onírico, a imagem de uma caixa postal na mente me alegra. Clico na imaginação, e essa caixa se abre, numa conexão especial, mesmo sem visualizar nada parecido com nosso mundo racional. A verdade é que tenho a nítida sensação de estar ligada a um canal de comunicações que me faz sair da cama cantando.
Essa é a mensagem que venho recebendo: "Então, por que não deixar para trás todas as críticas que podem vir  a partir de assumir seu lado fora dos moldes usuais e começar  a usufruir deste canal? Faça a sua parte, lembrando que seu caminho pode ser, e deve ser, criativo, alegre e construtivo. Conte isso para todos."
Nossa imaginação é uma ferramenta poderosa, e não é preciso repetir aqui nenhuma pesquisa moderna sobre o poder das imagens, da intuição, dos sonhos e do subconsciente. Existem inúmeras obras que falam de maneira ótima sobre tudo isso. O importante é passarmos a acordar com a certeza de que há mensagens positivas para nós do mundo além da matéria. A maior batalha é interna e´parece ser romper com padrões obsoletos e restritos sobre o universo e suas manifestações, e se aliar aos que já perceberam tudo isso. Não importam mais os comentários e orientações dos que têm medo de ampliar sua própria consciência. O que vale agora é seguir nossa própria intuição tendo a certeza de que tudo pode se manifestar como uma nova luz no caminho.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Linda

TRIM, TRIM
Ele não toca...
Mais enganos.
Não há mais toque; há tempos a gente nem se toca...
Aliás, ele não se toca mais comigo.
E assim, desse jeito, não tem toque,
Nem dele, nem meu,
E nem do telefone.

As maneiras de se dar um toque são muitas, incluindo aí as modernidades que tornam o telefone algo mais antigo. Mas, os sentimentos são os mesmos. Quem não esperou ansiosamente por uma chamada, nem sempre prometida, mas muitas vezes sim, acreditando e sonhando com os futuros momentos de encontro e/ou declarações?
Linda era uma dessas meninas que estavam sempre à espera do príncipe que ia ligar. Apesar de sua beleza, inteligência e simpatia, estava sempre só, ou melhor, acompanhada de suas expectativas. Não somente namorados ou pretendentes, mas também amigas que a excluíam de passeios e aventuras constantemente.
Colocava na aparência externa todas as cartas. Já havia até cortado sozinha seu cabelo, achando que tudo iria mudar com o novo estilo. Mas, nada. Estava sempre sozinha, sentia-se invisível, de alguma forma errada, diferente, e quando aparecia uma oportunidade, ela mesma tratava de listar um monte de exigências tão absurdas, que em alguns minutos todos se tornavam inadequados, idiotas. Para bom entendendor, somente se interessariam por ela os sem melhores alternativas. Exigente nossa menina. Mas, de certa forma, ela tinha razão, porque seu discurso era sobre merecimento, uma espécie de currículo que supostamente deveria ser apresentado, para ser avaliada a altura de qualquer candidato a namoro ou amizade, uma vez que Linda era linda. Um pouco vazia, é verdade, mas por pura ignorância. Conheci duas garotas assim, lindas e vazias. O encantamento inicial se esvaía em algumas horas, não havia nada para trocar. E quando havia, ninguém estava interessado. Que dilema, atrair pela beleza, usar os outros para aplacar a solidão, e nenhum contato verdadeiro se fazer. Cria-se um mundo de ilusões, de aparências, e de sofrimentos, mais cedo ou mais tarde. 
E assim corria a vida de Linda.Sem compreender nada sobre a situação, passava os finais de semana debruçada sobre todos os meios de comunicação da casa, aguardando os trim-trim dos que pareciam aprovados pelo seu crivo severo. Seria o novo penteado que estava horrível? Seria não se vestir como as outras meninas o motivo de não ser convidada? Precisava se tornar mais linda para ter sucesso? Ela não sabia que apenas precisava ser a Linda, que ela nem conhecia. 
Não sei que fim levou a Linda, mas com certeza, não escapou da maturidade, no mínimo fisicamente. Sim, isso já faz um bom tempo. Quem sabe ficou rica e investiu tudo em tratamentos rejuvenescedores? Talvez tenha desistido da sua lista de exigências, (pois a solidão interna é dura de engolir), e tenha se juntado a quem apareceu primeiro. Pode ser também que tenha passado pelas mãos inescupulosas dos que se divertem com a fragilidade alheia. Ou, ainda, queira Deus, aberto um canal de conexão com suas verdades interiores, e descoberto um mundo maravilhoso ao seu dispor. Tudo isso é possível e muito mais, mas a partir de hoje, ao se pegar esperando um telefonema que não chega, alcance sua bolsa, retoque o batom, e vá passear por aí. Ou simplesmente junte-se a sua alma, que costuma ser uma grande companhia, cheia de idéias criativas. Peça a ela, de coração, para dar um novo rumo àquele currículo velho e desbotado, e vá atrás dos que enxergam o que há por trás das aparências.



Acorda, Amelinha!

Triste, mas compreendendo
De bem com a solidão,
Sem fissuras, sem doidices.

Amo doendo
Porque não é para mim aquele olhar que brilha,
E não é meu o desejo do coração que vejo se abrir.

Sem ressentimento,
Acho apenas que estou na trilha errada,
E...
Não sei como sair.



Amelinha era uma especialista na cozinha, casa sempre limpa e arrumada, e além do seu trabalho como funcionária pública, lidava com a tábua de passar roupa como ninguém. Conseguia tempo para manter as roupas de seu marido limpas e passadas, jantarzinho na mesa, e mesmo quando era pega por gripes ou enxaquecas, nada a impedia de cumprir suas tarefas. Seus estudos? Parados. Não havia tempo, pois as necessidades de seu companheiro eram prioridade.  Quando, eventualmente, o casal saía à noite, Amelinha se transformava, tudo para agradar, com direito ao nariz empinado que ostentam as mulheres confiantes de terem uma propriedade: seu marido. Diria até que se tornava um pouco antipática, apesar de seu olhar, lá no fundo, expressar uma pontinha de medo. Isso mesmo: medo.
Eram já os sinais do teatro se desmoronando. No quarto do casal, a história era outra. As discussões eram para quem quisesse ouvir, com choros e portas batendo. Mas, pela manhã, tudo era recomposto, o cenário da mesa posta, e a preocupação de Amelinha de fazer o que o marido gostava. Este, sempre de cara fechada, parecia o gigante dos contos infantis ao se aproximar das amigas da esposa. Ela se recolhia imediatamente, e o medo, aí sim, transparecia em suas feições, apesar de todas as tentativas de disfarce.
Amelinha parecia cada vez mais abatida, e as amigas percebiam as marcas do choro, mas ela não abria o jogo, persistindo nos agrados cada vez mais exigentes, e...caindo no vazio. O gigante estava visivelmente insatisfeito. Quando Amelinha viajava, festas e namoradas, sem qualquer constrangimento. E na volta, as acusações de abandono eram jogadas nela sem escrúpulos.
Um dia a casa caiu. Gritos, sussurros, choros, e Amelinha se foi, contra a vontade, convidada a se retirar, e lá dentro do táxi, em meio a malas e caixas, só se percebiam lágrimas, e mais lágrimas, e mais lágrimas. O choque era o fruto da cegueira, daquilo que é óbvio para quem assiste do lado de fora.
Algumas horas depois já se podia ver o gigante sorridente, ao lado de sua nova companheira, que, também vinda num táxi, trazia sua bagagem para a nova vida que a aguardava.
Amelinha viveu a noite negra de sua alma, até poder despertar. Usou de todo o controle que andava por trilhas equivocadas, não perdeu as esperanças por um bom tempo, tentou se aproximar, e também se enganar a todo custo sobre a má fé que sentiu na pele. Sofria daquela doença que nos ataca quando não queremos abrir os olhos, vendo lá no fundo da imaginação aquilo que gostaríamos que fosse real. Só que não era nada disso, pois o casal novo estava visivelmente apaixonado, com bitocas amorosas e denguinhos próprios desse estado de espírito.
Tudo tem seu tempo e um dia Amelinha saiu do quarto onde estivera fechada, lavou o rosto, tomou um banho de loja, motorizou-se, e foi viver a vida. Uns dizem que abriu um restaurante, outros que voltou a estudar e sai com seu carrinho por aí. Mas um passarinho me contou que na hora de dormir, chora até o dia raiar. Não, não é saudade, é a dor de se querer quem não quer a gente, talvez falta de perdão a si mesmo, ou uma espécie de birra que a gente faz quando tem que deixar ir o que já não faz mais parte do nosso script.
Ei, Amelinha, acorda! Essa novela já acabou!


Foi engano

Com essa busca constante de encontrar o amor, muitas vezes não nos damos conta de algumas diferenças na forma de abordar essa questão. Uma coisa é amar, dentro de nós, no cantinho da alma, admirando certas coisas nos outros. Outra é investir em relacionamentos que não dão retorno, como se batêssemos de cara na parede. É preciso desistir de “salvar” o outro  porque não quer  receber o nosso amor. Quanta pretensão! No universo, esse retorno não vai fazer diferença, pois o outro está vivendo o seu próprio caminho, elegendo suas próprias prioridades, onde a gente simplesmente não está na lista. Nós também temos um caminho a seguir, e podemos continuar amando através da aceitação do que cada um escolhe para sua vida, e prosseguir em busca do retorno afetivo merecido por direito divino, em outro espaço. Mais do que isso é manipulação, onipotência e o pior, orgulho ferido. Ninguém é obrigado a estar disponível para nossas intenções de se aproximar e ditar as regras do suposto verdadeiro amor.  Basta que aceitemos e admiremos as qualidades que vemos nesse outro, e as busquemos em quem também quer tudo isso e, o principal, está disposto a compartilhá-las conosco. Nada de mágoas, ressentimentos, mas ir adiante, simplesmente. Funciona da mesma forma que fazemos quando atendemos um telefonema e dizemos: ”Foi engano.”

Você pode perguntar como se faz isso, levantar e sair. Não tem um manual, mas se não temos medo de sentir, vem de dentro uma nova força que nos ajuda, mudando o foco dos pensamentos para o que há de agradável em nossas vidas. Recolhemos as coisas boas com gratidão, e humildemente vamos  em busca do sol, mudando a frequência de nossas vibrações. Em última análise, é uma escolha de como queremos nos sentir. Como quando saímos de uma aula de exercícios físicos após longo tempo “enferrujados”, uma dorzinha talvez nos acompanhe, mas faz parte da lição deixá-la fluir, para que algo novo venha , uma transformação energética. Quando desistimos do apego a algo que simplesmente não funciona, o espaço se abre para novas possibilidades. Pense nisso. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Então...


Enquanto tomava meu café e dava um jeito na cozinha, esperando meu pãozinho de queijo ficar no ponto, sentei na rede, para refletir, tentando focalizar os pensamentos. Tantas informações, numa velocidade que pode se tornar alucinante...e estar presente é quase uma façanha, digo, sentir o momento, deixando o solzinho das 6:30 da manhã me dar um bom dia, enquanto correm os planos na mente. Deixei-me envolver por algumas questões, de um jeito natural.
Pensamentos sobre saúde, emoções, bloqueios...depois pulei para regressão,  hipnose, conhecimento técnico,  experiência terapêutica para trabalhar com o material recolhido, que são minhas reflexões familiares. Nao há saída, aqui também a forma de se fazer a alquimia com as informações é fundamental. Se nós ficamos presos em nossas projeções, colocamos significados duvidosos na mente alheia. Manter seu filtro limpo é uma das premissas para o terapeuta fazer um bom atendimento. Isso dá trabalho, meus colegas que o digam. Ou seguimos a crença do poder de escolha de cada um, ou impomos sutilmente (o que é mais eficiente), moldando seres a nosso bel prazer. Nesse caso, não importa se existe ou não a reencarnação...mas se essa visão tornou-se “realidade”. O poder de escolha não é um tema simples de forma alguma, e “realidade” muito menos. Em seguida me perguntei o que fazer com o núcleo traumático descoberto, o gatilho que se atualiza a cada passo do cenário da vida.
O que mais me encanta é analisar, comparar, refletir, rir dos próprios pensamentos e lançar dúvidas em cima dos dogmáticos, cheios de certezas absolutas. Será que alguém tem todas as fatias da torta da verdade?
Ontem também li a respeito de vampirismo, outra peça do quebra-cabeças “relacionamento”. E sobre   doenças do medo: medo de ficar só, de ser rejeitado, de cair no ostracismo, de ser ridicularizado e finalmente abandonado debaixo da ponte. E assim criam-se vínculos por medo dos outros, de suas críticas, opiniões, que podem parecer decisivas para o nosso destino. E para nao corrermos perigo, loucamente, nos atiramos na fogueira primeiro.
E o que dizer dos que confundem bondade com idiotice? Não conseguem distinguir entre sabedoria e imbecilidade. Abrigam a maldade dentro de si, que se manifesta por oportunismo. O outro não existe a não ser para ser usado, mas só perceberão tudo isso quando também se sentirem usados. Só então terão o equipamento interno necessário para transformar o seu mundo, elegendo o amor. Enquanto isso não acontece, a raiva permanece corroendo o seu fígado, sem que sequer percebam, e o que é pior, não conseguem encontrar a paz, porque estão sempre buscando mais oportunidades. Não vêem que tudo está aqui, agora.

Às vezes tenho a sensação que estou diante de uma grande vitrine de idéias, como se o mundo fosse uma grande feira. Tantas experiências, sessenta anos...brinco com desvios do foco do momento presente e todas as suas possibilidades. E lá vou eu para o tal filtro, foco...com uma latinha de lixo ao lado, é claro!

Estava pensando...

Estava pensando...
Manter nossa bateria carregada com vitalidade é sempre um bom negócio. Precisamos de oxigênio, força vital, em vários momentos, para desafios e lutas que temos pela frente, simplesmente estando vivos. Lutamos contra ou a favor, internamente e externamente, ao lado de nossos ideais, contra nossas tendências negativas, nossas resistências, a favor disso ou daquilo, para aprender jeitos novos de ser, desistir de outros,e por aí vai. Lutamos para atingir estados de harmonização, e até para sermos amados...a lista e interminável. Ficamos exaustos quando somos obrigados a passar dos limites que estabelecemos, ou que foram estabelecidos e aceitamos, deixando de lado zonas de conforto que trazem a ilusão da segurança. Isso exige um gasto de energia imenso, nem sempre percebido imediatamente, mas que no final das contas afeta todo o nosso ser, comprometendo reações e respostas, incluindo aí relacionamentos. Quem nunca perdeu as forças e acabou metendo os pés pelas mãos?As mães com seus bebezinhos que nos contem sobre seus primeiros tempos de maternagem; e também aqueles que repentinamente se vêem obrigados a encarar pessoas queridas doentes necessitando de seus cuidados, e é claro, os próprios doentes, debilitados com suas perdas. E tem mais: vamos combinar que há momentos em que sentimos como se um furacão tivesse passado por nossas vidas. Temos que lutar, seja lá o que isso signifique. É sempre bom lembrar que além de circunstâncias extenuantes, (das quais ninguém está livre atualmente), também criamos armadilhas, estas extremamente cansativas e desgastantes, com nossa maneira de pensar. Idealizações de como “deveríamos” ser e atuar passam a assombrar-nos; emoções, cúmplices de mandatos que adoraríamos deixar de lado, mas, que por esse ou por aquele motivo continuam hospedados em nosso ser, passeiam pelos nossos projetos. Como diz meu irmão, são nossos “fios desencapados”, desperdiçadores compulsivos de energia. A verdade é que importa nessas horas estarmos com o "tanque cheio". Sem energia vital, não vamos a canto nenhum, porque não há como enxergar a melhor maneira de proteção, ou recuperação; de ficar firme e manter a suavidade, criando alternativas e soluções para nossos impasses. Conhecer a si mesmo é o primeiro passo, porque ressaltando o caráter preventivo de nossos desafios, temos sempre a possibilidade de estarmos preparados quando sabemos que o combustível não vai dar conta dos próximos capítulos de nossa novela, já que não me parece uma boa idéia ficarmos parados no meio do caminho. Mesmo assim, às vezes ficamos.