segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Culpa, energia paralisante


Há momentos na vida em que parece até que temos um tribunal dentro da gente:  promotores, advogados de acusação e de defesa, juiz, jurados, e tudo o que acontece com um réu sendo julgado, como nos seriados de TV. Bem, e adivinhem quem é o réu... ali, encolhidinho de culpa, remoendo erros e falhas em qualquer situação, justa ou injusta, absolutamente paralisado diante das interpretações que podem ser qualquer coisa. Mas, basicamente, a mensagem parece ser: “Você não tem direitos, cale-se!”.  E de quem é a voz que acusa? De onde ela vem, sussurrando que há culpa nas mãos que talvez tenham agarrado inadvertidamente uma batata quente lançada por algum atleta campeão em fugas?
Lembram  daquela brincadeira de criança, de estátua? De repente havia um comando, alguém gritava “Estátua!”, e aí a gente parava do jeito que estava e não podia se mexer, até receber outro comando para relaxar. Acho que os jogos infantis são realmente um belo treinamento para a vida. Parar, voltar a agir, refletir, meditar, pensar, sentir, desacelerar, respirar, prosseguir... e vez por outra parar para obras e reformas, quando forma-se o tal tribunal descrito acima. E ali há que se descobrir a verdade, a honestidade, a sinceridade de propósitos. Tarefa nada fácil ter consciência das motivações que regem comportamentos, sempre baseadas em crenças, conscientes ou inconscientes, naquilo que cada um percebe, que gira ao redor de sua constelação. Antes do veredicto, não sejamos como  alguns que exercem a sua tirania desconhecendo o número do sapato que o outro calça. Sejamos justos com a nossa trajetória!  
Na nossa vida, se estamos interessados no desenvolvimento pessoal, examinamos questões e conflitos dentro de um contexto cada vez mais amplo, reunindo sentimentos,  o que já se sabe a respeito de pessoas, relacionamentos, situações, experiências anteriores, propósitos, sonhos, projetos, frustrações, limites, possibilidades...tudo isso na tal constelação, ou consciência, que está sempre se expandindo, conectada a um campo imenso, matéria prima de estudos ultramodernos ( de origem antiquíssima, diga-se de passagem), e abarcando o nosso próprio subterrâneo adormecido.  E seguindo o caminho do ponto de interrogação ambulante, as perguntas básicas (há muitas mais) podem ser se há o que consertar, ou se foi feito tudo o que era possível dentro dos próprios limites e circunstâncias. Machucou? Cuidemos da ferida!   Esta não é uma reflexão para imediatistas que buscam atalhos para se livrar de seus dilemas. É uma espécie de apelação,- e para isso a auto estima  precisa estar em dia - sobre os fatos que devem ser reavaliados, abrindo o caminho para novos significados e valores. Será um passo a mais estrada afora, isso se não sucumbirmos  aos dedinhos que apontam na direção do nariz, para não permanecermos como estátuas, congelados. É sempre bom lembrar que congelamento e depressão andam de mãos dadas.

Eu sei, dói romper expectativas idealizadas, dá medo  confiar na intuição para fechar ou abrir portas tapando os ouvidos para os atletas da projeção. Mas essa parece ser a maneira de  abrirmos o caminho para dissolver a culpa paralisante, ouvir o comando para relaxar a estátua,  e simplesmente prosseguirmos.  

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