terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Aiemy Dibesty e Robber Ismartgay


Aiemy Dibesty  dividia pessoas em castas, segundo seu próprio critério. Mais ousada do que bonita,seu poder de sedução passava por uma compensação qualquer, sabe-se lá o que.  Desde cedo, acostumou-se a ser a dona da verdade, e aprendeu direitinho a supervalorizar suas conquistas.Ensinava a todos como superar suas dores, desenvolveu uma mira fabulosa para fazer contato com sofredores onde se sentisse à vontade para montar o cenário de amiga prestativa, e como bônus, ganhar elogios a respeito de sua evolução espiritual. Com o raciocínio lógico afiado, mesmo que duvidoso, eliminava qualquer emoção do jogo.  Engolia medo e inveja como artistas de circo fazem com o fogo . Interessante seu lema: jamais deixar alguém levantá-la ao cair.  Seus pés não se fixavam direito no chão onde pisava,o peito estufado de orgulho dissimulado desafiava o seu equilíbrio, e por isso não enxergava a sua própria sombra.
Um dia conheceu um sujeito que era muito melhor do que ela na arte da prepotência, e na busca de algum lucro. Ele disfarçou-se bem, tentando demonstrar, através de gentilezas, favores  e carinhos, uma paixão. Manejava sentimentos de culpa como ninguém, um mestre nesse tipo de projeção. Robber  Ismartgay  humilhava, num “morde-e-sopra” perfeito. Tudo  para ofuscar o brilho que enxergava nos superadores de desafios, porque isso ele não suportava.  Entrava de mansinho na vida dos que se enxergam muito além do que são, reféns da ingenuidade negada, e gradativamente ia mostrando suas garras. Robber e Aiemy formaram um casal de filme, no início. Mãos dadas até pra comprar pão, bitocas a cada passo, café na cama, onde seu desempenho era fenomenal, graças ao constante treinamento via filmes pornôs, talento e vivência de malandragem. A coisa parecia funcionar muito bem, e foram momentos de glória para o ego de Aiemy Dibesty. Seu negócio de especialista em comportamento humano bombou. Orelhas de livros, mensagens da internet sobre as formas mais modernas da ciência para a felicidade, atalhos maravilhosos para permanecer em zonas de conforto, mas estudar? Nem pensar!
Enquanto isso, Robber Ismartgay aprimorava-se em contabilidade e contatos para administrar o negócio. Dizia ser esse seu forte, necessitando equipamentos de última geração, com câmeras, porque nada substitui a imagem. Justificando estar muito cansado, trancava-se em um dos quartos, levando tudo, porque nunca se sabe, não dá para perder oportunidades. Ria sozinho de seus truques, gabava-se de não sentir solidão, e topava qualquer coisa onde não se sentisse vulnerável. Nesse esconderijo de si mesmo, sentia-se protegido, com o controle total de qualquer situação.

Próprio de quem vive nas nuvens ao lado de seres superiores, Aiemy e Robber seguiam com o sorriso de vitória nos lábios. Mas, nem sempre as coisas são como parecem ser. O tédio e o vazio foram implacáveis. E os deuses resolveram brincar um pouco com a consciência do tempo. Mandaram baixar a poeira e abriram as cortinas. O espelho, que sempre está diante de nós,  refletiu um homem sem brilho próprio e uma mulher sem atrativos, os dois empurrando a vida com a barriga. As luzes alcançaram o  mistério da humanidade. O casal viu enfim a própria nudez .  Aiemy  e  Robber  se abraçaram e choraram juntos pela primeira vez, desejando resgatar o tempo perdido na encenação. Dizem por aí que suas lágrimas formaram um rio por onde se banham casais apaixonados até hoje. 

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Mudança

A cada desafio que me é apresentado, a vida, ela mesma, me pergunta se pretendo ser mais uma resmungona, ou ser criativa. Prefiro a segunda alternativa. Normalmente, necessito de um tempo para respirar, pensar, planejar e...ir à luta. Há um momento em que uma espécie de puxão de orelha me guia:"Como é, vamos, querida?".
E aí, levanto e começo a agir. Quando a coisa está em total harmonia, muitas coisas interessantes vão acontecendo. Conheço pessoas legais, tenho novas idéias, e acabo me nutrindo com esse sabor de aventura, criando soluções a cada momento, tirando conclusões sobre antigos impasses.
Mudanças são eventos ideais para uma bela faxina nos hábitos que serão deixados para trás em nome de um novo ciclo. Nesse instante, a sinceridade do tipo:"Vamos lá, você nunca usou isso!", ou aquela mancha nas roupas que garante seu lugar no catálogo das coisas que custaram muito caro, etc. E daí? Fico no novo ou no velho?
Também há aqui uma excelente oportunidade para eleger importâncias e prioridades. E fantasias de um futuro idealizado, mais para o inatingível, são colocadas no tapete vermelho para uma análise. Essa análise pode ser feita com bom humor ou com ressentimentos. Bota trabalho interno nisso! Acho que esse é um dos motivos que assustam tanto as pessoas: olhar para dentro de si mesmas, avaliar necessidades reais e irreais, medir a própria coragem para sair da zona de conforto, elaborar novos projetos de vida. Apego a sistemas de crenças obsoletos pesa!
Nosso lado sombra aparece claramente enquanto vamos retirando e selecionando nossa bagagem, tanto interna quanto externa. Valores são detectados, o emocional abre sua caixinha e mostra o que estivermos dispostos a ver sobre atitudes, características pessoais. Somos guardadores compulsivos? Como equilibrar a praticidade com os sentimentos associados a dramas e romances de nossa história?
Acho que buscar novos significados também faz parte de um processo que, como a gente já sabe, é apenas mais uma manifestação do mundo interno, sempre com novos arranjos, conforme vamos nos desenvolvendo e deixando que a energia da vida flua. Como diz uma grande amiga, atualmente tudo chega a nós galopando. Mas, se houver energia estagnada pelo caminho, não há dúvida, a interrupção está garantida.

sábado, 31 de outubro de 2015

Ler, um ato de amor

“O que a literatura faz é o mesmo que acender um fósforo no campo no meio da noite. Um fósforo não ilumina quase nada, mas nos permite ver quanta escuridão existe ao redor.”
William Faulkner.
Um dos grandes tesouros nessa vida é a possibilidade da gente se encantar com bons livros. Como se estivéssemos recebendo uma visita querida em nossa casa, acendemos as luzes, e nos posicionamos para compartilhar experiências. Da mesma forma, abrimos nossos canais de recepção para ler, ouvir, sentir, imaginar aquilo que o escritor nos transmite. Chamo a isso ler com a alma. Uma pessoa muito querida chamava de  “transportadoras” as leituras que nos emocionam, nos fazem refletir, muitas vezes ocasionando mudanças importantes em nossa visão, ou confirmando maneiras de se experimentar as vivências que temos. Muitas vezes elas complementam ideias que foram já plantadas, ou mesmo tiram o véu que as encobria, nos levando a criar e a agir com novos estilos. Trocam o canal da consciência, trazem outra sintonia. Com as novas possibilidades da informática, carregar nossa biblioteca na bolsa é bem mais tranquilo. Existem livros perfeitos para se esperar nas filas e nos consultórios; há outros para nos largarmos no sofá, ao som do silêncio. E quando estamos mais introspectivos, cheios de perguntas, podemos escolher os estudos que nos apaixonam. Todos nós precisamos também de momentos leves, sem compromisso, regados por risadas e bom humor. E ainda há aqueles que despertam a admiração pelas palavras bem colocadas. E há os  que contam histórias interessantes. A lista é infinita. Há os de cabeceira, que nos acompanham, dos quais sentimos saudade quando nos afastamos. E os que emprestamos e não voltaram. De repente, ficaram por onde poderiam ser mais úteis. E os que abrimos para retirar mensagens, simplesmente pelo prazer da companhia dos que consideramos sábios para aquele momento? O que dizer dos que falam conosco, que parecem ter sido escritos para nossos momentos mais íntimos? Quem ainda não foi “atropelado” por um livro que parecia estar a nossa espera?.
Algumas pessoas acreditam que não podemos passar para outro livro antes de finalizarmos o anterior. Não vejo assim. Os interesses a cada momento podem variar, e com isso novas necessidades surgem, outros assuntos nos atraem. São outros visitantes batendo à porta para novas conversas. Mais adiante, podemos retornar e prosseguir no bom papo que estávamos batendo antes, e, se for o caso, estender a troca mais profundamente, por horas a fio. Por que não? Nós, humanos, temos almas caprichosas, que abrigam crianças aventureiras e curiosas, vestidas de adultos. Querem conhecer mais sobre como a vida se expressa através de gente como elas, que sonham, imaginam, pesquisam e apresentam suas conclusões ao mundo.
Feliz daquele que se deixa envolver amorosamente pela arte exposta nos livros, pertencendo a um grupo que viaja a mundos incríveis transportado pela consciência.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Atalhos


Não há atalhos para o desenvolvimento pessoal, para a evolução da personalidade que visa formar o caráter, porque a consciência tem seu próprio ritmo. Algumas perguntas básicas podem ser feitas ao longo do caminho, ao primeiro sintoma de mal estar, como “para onde estou indo?”.  Sinais são dados o tempo todo, mas o trabalho de unir os pontos é nosso. Se nos enganamos e afastamos de nós o sentimento cômodo de vítima, há como conquistar um novo equilíbrio, tentando outra vez, avaliando as metas, e adaptando o mapa existencial à própria vista. De novo, e quantas vezes forem necessárias, talvez de outra maneira, ou com mais atenção aos passos em falso. Nada de culpas, talvez reparações, compensações, porque falhar faz parte da aprendizagem.
O inocente ainda não sabe, mas tem o caminho da sabedoria pela frente, se desejar trilhá-lo. Já o ingênuo talvez seja um orgulhoso disfarçado  teimando  em manter aquilo que se provou nocivo. Percorre o caminho da reclamação enquanto se infla com ares de superioridade ou especialidade, e se opõe às leis universais. Quando tropeça, lança no primeiro que enxerga a responsabilidade.
Sistemas de crenças  são a matéria prima para um roteiro de vida, onde definições, a cada momento, determinam escolhas; técnicas só têm utilidade diante de um mapa claro. Nunca é demais repetir que olhar para dentro de si mesmo é o passo inicial para recolhermos projeções que andamos atirando por aí, e reintegrarmos as forças que estavam adormecidas â sombra do comodismo. Afinal, não passam de ilusões, de um roubo de si mesmo, que inclui a coragem para encarar lições e desafios.

Superação, determinação e persistência, ou citando Paulo Vanzollini, “Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”!

domingo, 18 de outubro de 2015

Sobre a inveja

Invejar é desejar ter aquilo que vemos no outro, ao nosso redor, e que não parece nos pertencer. Tem mão dupla, porque podemos ser alvo do desejo alheio, nos deixando exaustos depois de um contato desse tipo.  Às vezes nos empolgamos, buscando afinidades em outros, e seguimos em frente sem qualquer cautela ou reflexão, ignorando a intuição que grita: “inveja à vista!”. Surge o “imprevisível”, e a alegria original dos encontros perde seu equilíbrio. Já que a inveja pode manifestar-se em comentários desagradáveis, críticos, cheios de competição, que servem para desvalorizar e desqualificar o que não se possui, energeticamente traz uma sensação de mal estar, desarmonia, que por ser difícil de suportar é facilmente projetada para fora, como num espelho. Quem inveja, dificilmente assume o que sente, e quem é invejado nem sempre percebe que está sendo sugado. É uma das faces do orgulho.
Conheci uma moça assim, nos tempos de colégio. Tinha uma armadura facial, como se estivesse bufando, nunca sorria, não compartilhava nada, e parecia zangada com a vida. Seu olhar era duro, e parecia devorar tudo o que os colegas possuíam em suas carteiras, quando não suas maneiras descontraídas, alegres. Por trás da carranca devia haver muito medo, um vazio enorme e pouquíssimo sentimento de merecimento. Talvez procurasse convencer a si mesma e aos outros de suas capacidades, gastando suas energias para manter essa couraça, e humilhando quem dela se aproximasse. E assim ia conquistando seu espaço, tentando dominar os que se impressionavam com suas demonstrações falsas de superioridade. Os menos carentes, instintivamente, evitavam o contato.
Podemos pensar que a inveja não nos define nem apaga todas as coisas legais que temos em nós. Sentir inveja não é o problema, mas a maneira como reagimos a ela, isso sim. Poderíamos simplesmente admirar e fazer um esforço para alcançar o que é tão desejado, mas nem sempre somos tão nobres, e muitas vezes nos  escondemos sob uma capa de falsa gentileza, ou embarcamos nas aspirações alheias, abrindo as portas da manipulação. É uma questão de sintonia e afinidade com esse tipo de vibração, partindo a inveja de nós ou do outro. Conscientemente ou não, as ações passam a ser movidas por interesse. As próprias trajetórias, conquistas e superações são desvalorizadas. Nesse tipo de manifestação, a luz da consciência, verdadeira proteção contra a negatividade, se apaga.

Estudar nosso lado sombrio dá trabalho, mas é assim que deixamos entrar a luz no caminho. Tranquilizar a inveja que nos ronda é fundamental para a superação das nossas dificuldades. Afinal, não somos perfeitos, nem quem nos cerca é. Inversamente, ao nos valorizarmos, aprendemos a irradiar nossa fartura com sabedoria.  Entendemos mais profundamente sobre nossos limites e possibilidades, abandonando o orgulho e os melindres, e enxergamos as escolhas que foram feitas a cada momento de nossas vidas. Quando as honramos, criamos oportunidades para maior desenvolvimento. Expansão e evolução exigem meditação, discernimento, e principalmente responsabilidade, sem finais de ciclos bruscos como se fossem  produtos de um destino ingrato. Ao compreendermos nossa inveja, abrimos caminho para a aceitação desse sentimento nos outros também.  Passamos a ter a certeza de que nada de verdadeiro valor pode ser roubado,  e compartilhamos, sem resistências, aquilo que temos com quem sabe integrar as diferenças como belas coisas que a vida oferece. Se pensarmos bem, em nossos relacionamentos, não há o que comparar, o que julgar, o que criticar. Nenhum de nós tem a torta inteira só para si, nem está apto a contar sobre a grande verdade. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Culpa, energia paralisante


Há momentos na vida em que parece até que temos um tribunal dentro da gente:  promotores, advogados de acusação e de defesa, juiz, jurados, e tudo o que acontece com um réu sendo julgado, como nos seriados de TV. Bem, e adivinhem quem é o réu... ali, encolhidinho de culpa, remoendo erros e falhas em qualquer situação, justa ou injusta, absolutamente paralisado diante das interpretações que podem ser qualquer coisa. Mas, basicamente, a mensagem parece ser: “Você não tem direitos, cale-se!”.  E de quem é a voz que acusa? De onde ela vem, sussurrando que há culpa nas mãos que talvez tenham agarrado inadvertidamente uma batata quente lançada por algum atleta campeão em fugas?
Lembram  daquela brincadeira de criança, de estátua? De repente havia um comando, alguém gritava “Estátua!”, e aí a gente parava do jeito que estava e não podia se mexer, até receber outro comando para relaxar. Acho que os jogos infantis são realmente um belo treinamento para a vida. Parar, voltar a agir, refletir, meditar, pensar, sentir, desacelerar, respirar, prosseguir... e vez por outra parar para obras e reformas, quando forma-se o tal tribunal descrito acima. E ali há que se descobrir a verdade, a honestidade, a sinceridade de propósitos. Tarefa nada fácil ter consciência das motivações que regem comportamentos, sempre baseadas em crenças, conscientes ou inconscientes, naquilo que cada um percebe, que gira ao redor de sua constelação. Antes do veredicto, não sejamos como  alguns que exercem a sua tirania desconhecendo o número do sapato que o outro calça. Sejamos justos com a nossa trajetória!  
Na nossa vida, se estamos interessados no desenvolvimento pessoal, examinamos questões e conflitos dentro de um contexto cada vez mais amplo, reunindo sentimentos,  o que já se sabe a respeito de pessoas, relacionamentos, situações, experiências anteriores, propósitos, sonhos, projetos, frustrações, limites, possibilidades...tudo isso na tal constelação, ou consciência, que está sempre se expandindo, conectada a um campo imenso, matéria prima de estudos ultramodernos ( de origem antiquíssima, diga-se de passagem), e abarcando o nosso próprio subterrâneo adormecido.  E seguindo o caminho do ponto de interrogação ambulante, as perguntas básicas (há muitas mais) podem ser se há o que consertar, ou se foi feito tudo o que era possível dentro dos próprios limites e circunstâncias. Machucou? Cuidemos da ferida!   Esta não é uma reflexão para imediatistas que buscam atalhos para se livrar de seus dilemas. É uma espécie de apelação,- e para isso a auto estima  precisa estar em dia - sobre os fatos que devem ser reavaliados, abrindo o caminho para novos significados e valores. Será um passo a mais estrada afora, isso se não sucumbirmos  aos dedinhos que apontam na direção do nariz, para não permanecermos como estátuas, congelados. É sempre bom lembrar que congelamento e depressão andam de mãos dadas.

Eu sei, dói romper expectativas idealizadas, dá medo  confiar na intuição para fechar ou abrir portas tapando os ouvidos para os atletas da projeção. Mas essa parece ser a maneira de  abrirmos o caminho para dissolver a culpa paralisante, ouvir o comando para relaxar a estátua,  e simplesmente prosseguirmos.  

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Baixando a poeira, o tempo passou...


À medida que o tempo passa e nos percebemos mais velhos, sentimos o desgaste de algumas habilidades que costumavam  ser naturais no dia a dia. Ao nos  observarmos no espelho,  as feições e as rugas contam sobre nossas peripécias. Ficamos surpresos com o cenário, com a pele mais sensível, as preferências modificadas, tudo tão rápido... e  algumas vezes nos sentimos como uma criança no final de uma festa que não aceita voltar para sua casa e recarregar a bateria para novas experiências mais adiante. É o início do processo “eu costumava... mas agora não dá mais”.

Será que devemos permanecer ruminando o passado, reclamando, e tomando um chazinho relaxante ao lado de outros resmungões? Ou vivermos como um quarto independente do resto da casa, olhando nostalgicamente a vida, sentados numa cadeira de balanço? Quem sabe chegou  a hora de digerirmos  tudo o que foi aprendido na caminhada, com descontração, uma certa irreverência, acenando a  bandeira da vitória?  Ao apreciarmos  essa paisagem, podemos gritar aos quatro ventos  que há desenvolvimento pessoal em qualquer idade e que cada fase da vida é uma nova aventura. Que tal transformarmos  limites em lições, possibilidades e mais superações?  Os frutos  de conquistas ao longo do caminho, depois de muitos anos de experiências variadas, deve levar à paz.  Em outras palavras, a idade não impede ninguém de um novo estilo de vida, criativo, prosseguindo na aprendizagem. Então,  vamos recapitular algumas coisinhas. Já aprendemos que fracassar é muito relativo. Não há tempo a perder com lamentações e ressentimentos pelo que já passou. É tempo de sorrir diante dos desafios vencidos, desistir do que não é mais importante, e continuar tentando aquilo que sempre nos apaixonou. Só que de outra maneira, com mais paciência e leveza, porque o tempo é nosso, e a estrada para a sabedoria já está aberta aos passantes.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Um jeito de olhar...

Há momentos em que a coragem da gente parece se encolher, cedendo seu espaço aos medos, culpas, ou o que a mente puder inventar, beirando ao ridículo muitas vezes, com conclusões pessimistas, generalizadas, reducionistas.
É interessante como o medo traz em sua bagagem óculos de um grau que distorce nossa visão,  e até nos faz esquecer as superações, aquilo que conquistamos pelas estradas da vida. Enquanto isso, a culpa se faz acompanhar de recriminações e exigências baseadas num eu imaginário, idealizado, entre cobranças inflexíveis, implacáveis.
É assim que nosso  dia começa a ficar meio estranho...sono, cansaço, e um vazio de desejo, tudo travado. São sintomas da desistência, um sentimento do tipo “não adianta mesmo”.  A gente se pergunta como as coisas mudaram...estava tudo ótimo, onde foi que isso começou... ao perceber essa baixa vibracional, acreditando que lá fora estão os motivos. Não digo que lá fora esteja uma delícia no mundo de hoje, mas com nosso medo fica pior. Ou melhor, com o nível de exigência no mais alto patamar, o medo de não conseguir  dar conta do regulamento interno também é enorme.  E aí, “terceirizamos”, acusando aquele que está passando pela nossa porta, lavamos as mãos de qualquer responsabilidade pela nossa própria vida, e o que é grave, oferecemos um campo fértil para os comerciantes da fé, que prometem milagres através de atalhos.
Depois de inúmeras tentativas de encontrar o gatilho, é melhor entregarmos os pontos. Talvez seja o momento de nos deitarmos no sofá da sala e ficarmos ouvindo barulhinhos, sentindo a brisa. Se uma tristeza ou choro nos invadir, não vamos fugir, é o alarme mais sincero da nossa insatisfação gritante; se nada tiver significado, sem algo que nos envolva novamente, relaxemos: está na hora de criarmos o novo, fazermos uma faxina existencial. É a saída dos velhos tempos, mudança à vista nas paixões ...por pessoas, por ideias, por projetos. Significa que ficamos tempo demais ligados no automático. Aproveitemos a brecha para cuidar da qualidade dos nossos pensamentos, sentimentos, emoções, ações, aceitando essa parada obrigatória para novas tomadas de decisão. Estamos reclamando demais , fazendo tudo da mesma maneira de sempre? Analisemos  direitinho, contando a verdade diante do espelho: a quem estamos tentando agradar, o que andamos adiando? A solidão é de gente? Passemos em revista algumas escolhas, e vamos sair correndo do “ninguém me ama” adolescente, para quietos, absorvermos uma outra maneira de ser. Tudo, menos vitimização.
Não há como reclamar com a gerência existencial . Todas as nossas escolhas fazem parte de um pacote cheio de desafios. Temos que pular as pedras e prosseguir, sem nenhuma certeza do que vamos encontrar a seguir, apenas possibilidades. Não adianta forçar a barra, mas assistir ao filme que está passando, desacelerar, respirar e sentir, se abrindo a novos planos de vida.  Ao  acalmarmos a ansiedade,esse juiz que aponta o dedinho para nosso nariz, uma outra paisagem se abre, se a gente não transformar esse novo cenário num tribunal, claro. E ideias novas virão junto, pequenas atitudes transformadoras que estavam escondidas, amassadas num velho baú que não suportou mais e abriu a tampa. Alternativas saltam aos olhos, e junto com elas brilha uma luz que costumamos chamar esperança.


domingo, 9 de agosto de 2015

Viaja comigo?

Gosto de pensar que uma boa noite de sono é o que precisamos em muitos momentos de nossas vidas.Num exercício de inspiração, brinco com as idéias, transformando magicamente o dia e a noite em mestres.
O Mestre da Noite, dono da lua e das estrelas, é ainda um pouco estranho e assustador. Já fomos mais íntimos, mas na verdade, eu não o via bem. Hoje sei que atrás de sua escuridão mora o mistério e o desconhecido. Tenho procurado aprender a tatear, sentir, e sua lição mais importante é sobre a permanência, o enfrentamento, o respirar novos ares, amando riscos, passando do silêncio à estranheza de sons, aos sustos da imaginação, sem desistências. Sou sua discípula no quesito da abertura de novas portas, senhoras de um mundo também novo. Ele veste uma capa negra com luas e estrelas prateadas, é forte, belo, sedutor, mas não consigo ver seu rosto ainda... não sei direito, acho que quero sentir a segurança da luz na escuridão, e aprender com as visões que forem surgindo pela estrada, que espero vá se iluminando com a minha percepção. Na verdade é só o que sei até agora. Talvez à noite, enquanto todos dormem e viajam pelo universo, eu possa dar vazão a tantas perguntas, dialogando com meus pares. Sonho encontrar com a beleza, a poesia, a harmonia, mesmo que tudo ainda esteja acobertado por um grande sono indolente, Que delícia deve ser viajar pelos sons, pela luz e pelas estrelas, protegida pelo Mestre da Noite! Para me fazer sentido, busco a companhia do que é eterno, uma fidelidade à própria alma. Como enfrentar minha noite ainda é uma aventura bastante solitária, cercada de regras obsoletas, mas permanentes, tento criar pontes celestiais por onde possa atravessar do mundo dos enganos para algo mais sublime.
E caio na Terra outra vez  pelas manhãs, ao lado do Mestre do Dia, que imagino feito de sol, de fogo, vibrando ação, calor, movimento, força, vida, energia, coragem. Às vezes, vem como chuva, frio, e me obriga a permanecer embaixo de cobertores. Mas, é ele que me levanta, me nutre, me renova. Está sempre me propiciando novas interpretações, disposições, enquanto me aconchega em seu calor e luz, ou lava minha alma com chuva que bate na janela. Graças a ele, vejo tudo com outros olhos a cada despertar, descobrindo nuances da vida que estiveram apagadas no escuro. Quantos diálogos amorosos clarearam impasses, e quanta natureza é descortinada por sua luz. Diria que ele veste uma túnica dourada com círculos, representando a eternidade, sem começo e sem fim. É ali que busco meu centro, forte, radiante, que me ilumina com sua clareza. Ele me recebe todas as manhãs quando chega a consciência na Terra, me amparando e orientando nos movimentos necessários. Quero ouví-lo melhor e mais, muito mais. É ele que me diz que é preciso seguir ainda pelas humanidades em geral, percorrendo as trilhas que se fizerem necessárias, sem cair nas armadilhas dos resmungos e da estagnação do pensamento, pois quem falou que não haveria desafios pelo caminho?
Então...vamos juntos?

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Devaneios

Devaneios,
Alheios ao belo sol da tarde,
Sorrateiros, bêbedos de imaginação,
Transmutam-se em pequenos jogos e grandes idéias,
Que desafiam regras,
Maquinando,
Povoando as solidões,
Gerando sementes no infinito.


Uma espécie de digestão
De pensamentos orgânicos e de emoções sem rumo,
Que caminham perdidos nas avenidas de um ser,
Deixam na boca um gosto de tanto-faz,
Que vai crescendo no seu sabor,
Regado pelos novos sentidos,
Significando,
Deliciando-se em novas hierarquias,
Sentindo o prazer da mudança,
Dançando possibilidades,
Abraçando importâncias,
Namorando urgências,
E novamente se re-organizando,
Encontrando a paz no transitório.

Mandala


Sedução, possibilidades, sensações.
Um vôo de borboletas no estômago,
Asas coladas de medo,
Presas na rejeição,
Na omissão, nas condições,
Rodopiando com as emoções desgastantes,
Já viciadas,
Repletas de vácuo.

Como sempre,
Algumas luzes ainda se acendem,
Em pontos que abrem caminhos antes impensáveis...
Aludindo a expectativas de novos rumos,
Talvez nem tão esperados.

Outro ciclo de retorno à essência,
Desta vez como uma mandala,
Que dolorosa explode a força de sua expansão,
Colorida, harmônica, simétrica,
E se manifesta,
Simplesmente,
Desde um centro glorioso.

Chuva

Num desses momentos em que as crianças ficam sós,
Encontrei-me um dia com a Natureza,
E me perguntando sobre os mistérios que pressentia,
Mergulhei na paz que a chuva desenhava na minha janela.

Descobri então palavras que vinham de dentro,
E, depois, as ouvi serem lidas com emoção:
Alguém me havia entendido mais do que eu mesma.

Permiti,
Numa primeira poesia,
que eu fosse compreendida simplesmente...

Hoje,
A chuva ainda me faz companhia.
Lembra-me, sei lá eu porque,
De sérias brincadeiras,
De sonhos,
De dores,
De amores,
De medos,
E de alegrias.,

Talvez carências...
Talvez crianças...


terça-feira, 16 de junho de 2015

Mensagens

O subconsciente manda mensagens. É o que tenho pensado todas os dias ao despertar pela manhã. Mesmo sem lembrar sobre qualquer conteúdo onírico, a imagem de uma caixa postal na mente me alegra. Clico na imaginação, e essa caixa se abre, numa conexão especial, mesmo sem visualizar nada parecido com nosso mundo racional. A verdade é que tenho a nítida sensação de estar ligada a um canal de comunicações que me faz sair da cama cantando.
Essa é a mensagem que venho recebendo: "Então, por que não deixar para trás todas as críticas que podem vir  a partir de assumir seu lado fora dos moldes usuais e começar  a usufruir deste canal? Faça a sua parte, lembrando que seu caminho pode ser, e deve ser, criativo, alegre e construtivo. Conte isso para todos."
Nossa imaginação é uma ferramenta poderosa, e não é preciso repetir aqui nenhuma pesquisa moderna sobre o poder das imagens, da intuição, dos sonhos e do subconsciente. Existem inúmeras obras que falam de maneira ótima sobre tudo isso. O importante é passarmos a acordar com a certeza de que há mensagens positivas para nós do mundo além da matéria. A maior batalha é interna e´parece ser romper com padrões obsoletos e restritos sobre o universo e suas manifestações, e se aliar aos que já perceberam tudo isso. Não importam mais os comentários e orientações dos que têm medo de ampliar sua própria consciência. O que vale agora é seguir nossa própria intuição tendo a certeza de que tudo pode se manifestar como uma nova luz no caminho.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Linda

TRIM, TRIM
Ele não toca...
Mais enganos.
Não há mais toque; há tempos a gente nem se toca...
Aliás, ele não se toca mais comigo.
E assim, desse jeito, não tem toque,
Nem dele, nem meu,
E nem do telefone.

As maneiras de se dar um toque são muitas, incluindo aí as modernidades que tornam o telefone algo mais antigo. Mas, os sentimentos são os mesmos. Quem não esperou ansiosamente por uma chamada, nem sempre prometida, mas muitas vezes sim, acreditando e sonhando com os futuros momentos de encontro e/ou declarações?
Linda era uma dessas meninas que estavam sempre à espera do príncipe que ia ligar. Apesar de sua beleza, inteligência e simpatia, estava sempre só, ou melhor, acompanhada de suas expectativas. Não somente namorados ou pretendentes, mas também amigas que a excluíam de passeios e aventuras constantemente.
Colocava na aparência externa todas as cartas. Já havia até cortado sozinha seu cabelo, achando que tudo iria mudar com o novo estilo. Mas, nada. Estava sempre sozinha, sentia-se invisível, de alguma forma errada, diferente, e quando aparecia uma oportunidade, ela mesma tratava de listar um monte de exigências tão absurdas, que em alguns minutos todos se tornavam inadequados, idiotas. Para bom entendendor, somente se interessariam por ela os sem melhores alternativas. Exigente nossa menina. Mas, de certa forma, ela tinha razão, porque seu discurso era sobre merecimento, uma espécie de currículo que supostamente deveria ser apresentado, para ser avaliada a altura de qualquer candidato a namoro ou amizade, uma vez que Linda era linda. Um pouco vazia, é verdade, mas por pura ignorância. Conheci duas garotas assim, lindas e vazias. O encantamento inicial se esvaía em algumas horas, não havia nada para trocar. E quando havia, ninguém estava interessado. Que dilema, atrair pela beleza, usar os outros para aplacar a solidão, e nenhum contato verdadeiro se fazer. Cria-se um mundo de ilusões, de aparências, e de sofrimentos, mais cedo ou mais tarde. 
E assim corria a vida de Linda.Sem compreender nada sobre a situação, passava os finais de semana debruçada sobre todos os meios de comunicação da casa, aguardando os trim-trim dos que pareciam aprovados pelo seu crivo severo. Seria o novo penteado que estava horrível? Seria não se vestir como as outras meninas o motivo de não ser convidada? Precisava se tornar mais linda para ter sucesso? Ela não sabia que apenas precisava ser a Linda, que ela nem conhecia. 
Não sei que fim levou a Linda, mas com certeza, não escapou da maturidade, no mínimo fisicamente. Sim, isso já faz um bom tempo. Quem sabe ficou rica e investiu tudo em tratamentos rejuvenescedores? Talvez tenha desistido da sua lista de exigências, (pois a solidão interna é dura de engolir), e tenha se juntado a quem apareceu primeiro. Pode ser também que tenha passado pelas mãos inescupulosas dos que se divertem com a fragilidade alheia. Ou, ainda, queira Deus, aberto um canal de conexão com suas verdades interiores, e descoberto um mundo maravilhoso ao seu dispor. Tudo isso é possível e muito mais, mas a partir de hoje, ao se pegar esperando um telefonema que não chega, alcance sua bolsa, retoque o batom, e vá passear por aí. Ou simplesmente junte-se a sua alma, que costuma ser uma grande companhia, cheia de idéias criativas. Peça a ela, de coração, para dar um novo rumo àquele currículo velho e desbotado, e vá atrás dos que enxergam o que há por trás das aparências.



Acorda, Amelinha!

Triste, mas compreendendo
De bem com a solidão,
Sem fissuras, sem doidices.

Amo doendo
Porque não é para mim aquele olhar que brilha,
E não é meu o desejo do coração que vejo se abrir.

Sem ressentimento,
Acho apenas que estou na trilha errada,
E...
Não sei como sair.



Amelinha era uma especialista na cozinha, casa sempre limpa e arrumada, e além do seu trabalho como funcionária pública, lidava com a tábua de passar roupa como ninguém. Conseguia tempo para manter as roupas de seu marido limpas e passadas, jantarzinho na mesa, e mesmo quando era pega por gripes ou enxaquecas, nada a impedia de cumprir suas tarefas. Seus estudos? Parados. Não havia tempo, pois as necessidades de seu companheiro eram prioridade.  Quando, eventualmente, o casal saía à noite, Amelinha se transformava, tudo para agradar, com direito ao nariz empinado que ostentam as mulheres confiantes de terem uma propriedade: seu marido. Diria até que se tornava um pouco antipática, apesar de seu olhar, lá no fundo, expressar uma pontinha de medo. Isso mesmo: medo.
Eram já os sinais do teatro se desmoronando. No quarto do casal, a história era outra. As discussões eram para quem quisesse ouvir, com choros e portas batendo. Mas, pela manhã, tudo era recomposto, o cenário da mesa posta, e a preocupação de Amelinha de fazer o que o marido gostava. Este, sempre de cara fechada, parecia o gigante dos contos infantis ao se aproximar das amigas da esposa. Ela se recolhia imediatamente, e o medo, aí sim, transparecia em suas feições, apesar de todas as tentativas de disfarce.
Amelinha parecia cada vez mais abatida, e as amigas percebiam as marcas do choro, mas ela não abria o jogo, persistindo nos agrados cada vez mais exigentes, e...caindo no vazio. O gigante estava visivelmente insatisfeito. Quando Amelinha viajava, festas e namoradas, sem qualquer constrangimento. E na volta, as acusações de abandono eram jogadas nela sem escrúpulos.
Um dia a casa caiu. Gritos, sussurros, choros, e Amelinha se foi, contra a vontade, convidada a se retirar, e lá dentro do táxi, em meio a malas e caixas, só se percebiam lágrimas, e mais lágrimas, e mais lágrimas. O choque era o fruto da cegueira, daquilo que é óbvio para quem assiste do lado de fora.
Algumas horas depois já se podia ver o gigante sorridente, ao lado de sua nova companheira, que, também vinda num táxi, trazia sua bagagem para a nova vida que a aguardava.
Amelinha viveu a noite negra de sua alma, até poder despertar. Usou de todo o controle que andava por trilhas equivocadas, não perdeu as esperanças por um bom tempo, tentou se aproximar, e também se enganar a todo custo sobre a má fé que sentiu na pele. Sofria daquela doença que nos ataca quando não queremos abrir os olhos, vendo lá no fundo da imaginação aquilo que gostaríamos que fosse real. Só que não era nada disso, pois o casal novo estava visivelmente apaixonado, com bitocas amorosas e denguinhos próprios desse estado de espírito.
Tudo tem seu tempo e um dia Amelinha saiu do quarto onde estivera fechada, lavou o rosto, tomou um banho de loja, motorizou-se, e foi viver a vida. Uns dizem que abriu um restaurante, outros que voltou a estudar e sai com seu carrinho por aí. Mas um passarinho me contou que na hora de dormir, chora até o dia raiar. Não, não é saudade, é a dor de se querer quem não quer a gente, talvez falta de perdão a si mesmo, ou uma espécie de birra que a gente faz quando tem que deixar ir o que já não faz mais parte do nosso script.
Ei, Amelinha, acorda! Essa novela já acabou!


Foi engano

Com essa busca constante de encontrar o amor, muitas vezes não nos damos conta de algumas diferenças na forma de abordar essa questão. Uma coisa é amar, dentro de nós, no cantinho da alma, admirando certas coisas nos outros. Outra é investir em relacionamentos que não dão retorno, como se batêssemos de cara na parede. É preciso desistir de “salvar” o outro  porque não quer  receber o nosso amor. Quanta pretensão! No universo, esse retorno não vai fazer diferença, pois o outro está vivendo o seu próprio caminho, elegendo suas próprias prioridades, onde a gente simplesmente não está na lista. Nós também temos um caminho a seguir, e podemos continuar amando através da aceitação do que cada um escolhe para sua vida, e prosseguir em busca do retorno afetivo merecido por direito divino, em outro espaço. Mais do que isso é manipulação, onipotência e o pior, orgulho ferido. Ninguém é obrigado a estar disponível para nossas intenções de se aproximar e ditar as regras do suposto verdadeiro amor.  Basta que aceitemos e admiremos as qualidades que vemos nesse outro, e as busquemos em quem também quer tudo isso e, o principal, está disposto a compartilhá-las conosco. Nada de mágoas, ressentimentos, mas ir adiante, simplesmente. Funciona da mesma forma que fazemos quando atendemos um telefonema e dizemos: ”Foi engano.”

Você pode perguntar como se faz isso, levantar e sair. Não tem um manual, mas se não temos medo de sentir, vem de dentro uma nova força que nos ajuda, mudando o foco dos pensamentos para o que há de agradável em nossas vidas. Recolhemos as coisas boas com gratidão, e humildemente vamos  em busca do sol, mudando a frequência de nossas vibrações. Em última análise, é uma escolha de como queremos nos sentir. Como quando saímos de uma aula de exercícios físicos após longo tempo “enferrujados”, uma dorzinha talvez nos acompanhe, mas faz parte da lição deixá-la fluir, para que algo novo venha , uma transformação energética. Quando desistimos do apego a algo que simplesmente não funciona, o espaço se abre para novas possibilidades. Pense nisso. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Então...


Enquanto tomava meu café e dava um jeito na cozinha, esperando meu pãozinho de queijo ficar no ponto, sentei na rede, para refletir, tentando focalizar os pensamentos. Tantas informações, numa velocidade que pode se tornar alucinante...e estar presente é quase uma façanha, digo, sentir o momento, deixando o solzinho das 6:30 da manhã me dar um bom dia, enquanto correm os planos na mente. Deixei-me envolver por algumas questões, de um jeito natural.
Pensamentos sobre saúde, emoções, bloqueios...depois pulei para regressão,  hipnose, conhecimento técnico,  experiência terapêutica para trabalhar com o material recolhido, que são minhas reflexões familiares. Nao há saída, aqui também a forma de se fazer a alquimia com as informações é fundamental. Se nós ficamos presos em nossas projeções, colocamos significados duvidosos na mente alheia. Manter seu filtro limpo é uma das premissas para o terapeuta fazer um bom atendimento. Isso dá trabalho, meus colegas que o digam. Ou seguimos a crença do poder de escolha de cada um, ou impomos sutilmente (o que é mais eficiente), moldando seres a nosso bel prazer. Nesse caso, não importa se existe ou não a reencarnação...mas se essa visão tornou-se “realidade”. O poder de escolha não é um tema simples de forma alguma, e “realidade” muito menos. Em seguida me perguntei o que fazer com o núcleo traumático descoberto, o gatilho que se atualiza a cada passo do cenário da vida.
O que mais me encanta é analisar, comparar, refletir, rir dos próprios pensamentos e lançar dúvidas em cima dos dogmáticos, cheios de certezas absolutas. Será que alguém tem todas as fatias da torta da verdade?
Ontem também li a respeito de vampirismo, outra peça do quebra-cabeças “relacionamento”. E sobre   doenças do medo: medo de ficar só, de ser rejeitado, de cair no ostracismo, de ser ridicularizado e finalmente abandonado debaixo da ponte. E assim criam-se vínculos por medo dos outros, de suas críticas, opiniões, que podem parecer decisivas para o nosso destino. E para nao corrermos perigo, loucamente, nos atiramos na fogueira primeiro.
E o que dizer dos que confundem bondade com idiotice? Não conseguem distinguir entre sabedoria e imbecilidade. Abrigam a maldade dentro de si, que se manifesta por oportunismo. O outro não existe a não ser para ser usado, mas só perceberão tudo isso quando também se sentirem usados. Só então terão o equipamento interno necessário para transformar o seu mundo, elegendo o amor. Enquanto isso não acontece, a raiva permanece corroendo o seu fígado, sem que sequer percebam, e o que é pior, não conseguem encontrar a paz, porque estão sempre buscando mais oportunidades. Não vêem que tudo está aqui, agora.

Às vezes tenho a sensação que estou diante de uma grande vitrine de idéias, como se o mundo fosse uma grande feira. Tantas experiências, sessenta anos...brinco com desvios do foco do momento presente e todas as suas possibilidades. E lá vou eu para o tal filtro, foco...com uma latinha de lixo ao lado, é claro!

Estava pensando...

Estava pensando...
Manter nossa bateria carregada com vitalidade é sempre um bom negócio. Precisamos de oxigênio, força vital, em vários momentos, para desafios e lutas que temos pela frente, simplesmente estando vivos. Lutamos contra ou a favor, internamente e externamente, ao lado de nossos ideais, contra nossas tendências negativas, nossas resistências, a favor disso ou daquilo, para aprender jeitos novos de ser, desistir de outros,e por aí vai. Lutamos para atingir estados de harmonização, e até para sermos amados...a lista e interminável. Ficamos exaustos quando somos obrigados a passar dos limites que estabelecemos, ou que foram estabelecidos e aceitamos, deixando de lado zonas de conforto que trazem a ilusão da segurança. Isso exige um gasto de energia imenso, nem sempre percebido imediatamente, mas que no final das contas afeta todo o nosso ser, comprometendo reações e respostas, incluindo aí relacionamentos. Quem nunca perdeu as forças e acabou metendo os pés pelas mãos?As mães com seus bebezinhos que nos contem sobre seus primeiros tempos de maternagem; e também aqueles que repentinamente se vêem obrigados a encarar pessoas queridas doentes necessitando de seus cuidados, e é claro, os próprios doentes, debilitados com suas perdas. E tem mais: vamos combinar que há momentos em que sentimos como se um furacão tivesse passado por nossas vidas. Temos que lutar, seja lá o que isso signifique. É sempre bom lembrar que além de circunstâncias extenuantes, (das quais ninguém está livre atualmente), também criamos armadilhas, estas extremamente cansativas e desgastantes, com nossa maneira de pensar. Idealizações de como “deveríamos” ser e atuar passam a assombrar-nos; emoções, cúmplices de mandatos que adoraríamos deixar de lado, mas, que por esse ou por aquele motivo continuam hospedados em nosso ser, passeiam pelos nossos projetos. Como diz meu irmão, são nossos “fios desencapados”, desperdiçadores compulsivos de energia. A verdade é que importa nessas horas estarmos com o "tanque cheio". Sem energia vital, não vamos a canto nenhum, porque não há como enxergar a melhor maneira de proteção, ou recuperação; de ficar firme e manter a suavidade, criando alternativas e soluções para nossos impasses. Conhecer a si mesmo é o primeiro passo, porque ressaltando o caráter preventivo de nossos desafios, temos sempre a possibilidade de estarmos preparados quando sabemos que o combustível não vai dar conta dos próximos capítulos de nossa novela, já que não me parece uma boa idéia ficarmos parados no meio do caminho. Mesmo assim, às vezes ficamos.